quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Suas notas me remetem a...

Desfruto agora de um momento raríssimo de se viver nesses últimos tempos... intervalo! Estou em um intervalo!!! Engraçada essa sensação de lugar para descrever um tempo, estou em um intervalo. Para aqueles que já esqueceram, intervalo é um tempo que se situa entre uma coisa que aconteceu e outra que está para acontecer (acrescentem outras definições para intervalo os que puderem!).

Desde a modernidade, intervalos são cada vez mais raros uma vez que, existindo um tempo entre uma coisa que terminou e outra que vai começar, costuma-se fazer aquelas coisas para as quais não sobra tempo algum. Ocorre que nesse intervalo em especial me encontro sem nada para fazer... então volto-me ao caro exercício de observar e transcrever o que minhas lentes captam, para continuar treinando a caligrafia...

Eis que, de repente, me deparo com uma coisa incrível, que a maioria de nós já viu, mas me pergunto se reparamos...um balé, estava acontecendo bem diante dos meus olhos o balé das canetas rodopiantes!!! As pessoas rodavam canetas dos mais vários tipos por entre os dedos, e não sei se era o movimento hipnotizante das canetas ou o desconforto de um momento onde o ser se vê obrigado a – das duas uma – estar consigo e consigo mesmo ou estar com o próximo, que nesse caso está à distância de uma cadeira.

O fato é que o exercício da dança das canetas parece ter congelado os olhares...e surgiu então um outro intervalo, o intervalo entre a caneta que roda freneticamente e o fazer algo com o breve momento em que não se tem absolutamente nada prescrito, pré-estabelecido ou determinado para fazer.... mas o que? Deus o que faremos se ninguém nos disser o que fazer?

Alguns tentaram, eu vi, posso servir de testemunha, tentaram estabelecer contato com outros através de tímidos desvios dos olhos das canetas para o próximo, mas este já tinha sua própria caneta e voltávamos à estaca zero!

Há que se levar em consideração que era uma sala de aula (e não, salas de aula como aquela não intentam propiciar qualquer tipo de interação), há que se considerar que já era noite e que a maior parte dos indivíduos que ocupavam aquela sala tinham atrás de si um dia inteiro, cada qual com a sua porção de horas, mas ainda assim admito que me arrepiou o frio da distância entre as pessoas.... Curioso, uma distância (enorme) dentro de um intervalo (tão curto)... isso me remete a algum conhecimento que devem ter plantado dentro de mim mas que tenho a impressão de não me pertencer... tem alguma coisa que ver com matemática? Não, não, era física. Era?

E agora? Agora são os números plácidos dentro dos relógios nervosos, devidamente amarrados aos pulsos cerrados, aliás, alguém sabe me responder por que razão no mundo cerramos os pulsos para ver as horas?!

Agora, agora seremos todos salvos! Não criemos pânico... o professor acaba de entrar e ouvi-se o uníssono dos suspiros de alívio... o intervalo acabou!!! Está restabelecida a ordem e finalmente voltaremos a fazer...
Elisangela Barbosa

4 comentários:

  1. Bravo!!!

    O coração chega bateu mais rápido, improvisando um aplauso de orgulho pelo seu texto, amiga! Que coisa mais linda! Há tantas passagens lapidares, que nem vou correr o risco de ressaltar uma em detrimento de outras... prefiro consignar a admiração, tal como a senti, pela totalidade da obra ;-)!

    Beijos da
    - Betinha

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  2. Nossa que por esse ganhei até um “Betinha”! Coisa mais carinhosa essa minha amiga... veja bem, orgulho teu de um texto meu é honra! Muito obrigada por dividir, significa muito pra mim!

    Beijos da

    Elis

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  3. Sem dúvida um belo texto, pra mim o melhor,leve e dinâmico.
    Continui escrevendo.
    Beijos,
    Ligia.

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  4. Irmã!!!!! Fico tão orgulhosa de ter você lendo este blog! Obrigada por dividir seu olhar sobre o texto, e muito importante. Vou continuar escrevendo se você continuar lendo, combina?

    Beijos,

    Sua irmã

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