domingo, 30 de agosto de 2009

Tarde em Olinda


- Por Roberta Mendes

Chegando em Olinda ruas cantantes a oferecer tapioca e capoeira meu Deus tanto aroma tantos timbres tanta cor. Irrompe a alfaia. O coração, em prontidão, dispara.

Estou alerta, alerta, como se tivesse acordado-entontecido em meio a um grande perigo. É o Maracatu!

Sofro da ascendência inescapável de seus tambores e danço, demônio ágil, faces em fogo, lábios de sangüíneo carmim.

O tocador me espreita. Sou um bicho que caminha excessivamente perto, eriçando-lhe os pêlos. Seus olhos me fixam e instigam instintos de predação. Medimo-nos sem pressa, serpente e encantador. Mortal minha languidez. Mortal sua atenção. Só um homem sabe fitar assim, maciçamente. Autoritariamente. Como a anunciar: és minha.

Não nos interessa o embate. A tensão mesma nos basta. Cortejamos a latência, a energia em suspensão. Tudo gira em vertiginosa ciranda. Só nossos olhos imóveis, numa intrigante ausência de velocidade, eixo em torno de que gira a ciranda Olinda gira a cidade de mãos dadas.

3 comentários:

  1. Esse curso vai ser um perigo, pode o diamante brilhar mais que o infinito?

    Amo vc!

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  2. Amiga, que texto diferente! Estou orgulhosa de você!!! Lindo, e, e, e, enxuto! hihihi!

    Eu quero ir à Olinda!

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  3. Prima, gostei muito desse texto.
    Que bom que eu já fui a Olinda!
    Beijos!

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